Fonte: Fernando Lopes Correio Braziliense
"Estive em Vancouver entre setembro e outubro do ano passado. Foi um outono quente para o padrão canadense. Fui ao Canadá reforçar meu aprendizado de inglês, num programa que incluía estadia em casa de família e quatro semanas de aulas. A experiência foi fantástica, apesar das dificuldades de adaptação, um desafio para os meus já bem usados 53 anos.
Extremamente friendly, amistosos, os moradores de Vancouver cultivam uma correção e uma educação invejáveis. Nos meus 29 dias por lá, não vi sequer um policial andando nas ruas – e não parecia necessário. Tampouco tive oportunidade de ver um fiscal do transporte público em ação. A passagem é comprada antecipadamente e cabe ao usuário autenticá-la ao entrar nos veículos.
Durante o período em que utilizei o seabus – uma barca que transporta passageiros entre North Vancouver, onde estava hospedado, e downtown, o centro da cidade, onde ficava a escola –, percebi que os 15 minutos de cada viagem seriam uma boa oportunidade para desenhar. Os passageiros, obrigados à quietude, tornam-se modelos perfeitos, quase sempre lendo, às vezes dormindo, em muitas ocasiões curiosos pelo meu trabalho. Assim, percebi que desenhar era um modo de interagir. Foi um recurso que me fez conhecido dos habitués da barca.
Cordialidade e confiança
Entre as boas experiências que tive com os vancouverites, há uma, simples, porém lembrada com especial emoção: decidi assistir a um dos filmes exibidos num festival de cinema. Investiguei no site do transporte público como chegar até lá e saí com as anotações no bolso. Precisava pegar um ônibus, depois o seabus, o metrô e ainda um outro ônibus. Já na primeira etapa, observei dois garotos, quase crianças, que entraram com seus skates e sua alegria. Achei graça em seu jeito leve, magro, enquanto os via balançando ao som de uma música que só eles ouviam. Embarcamos depois no seabus, onde os perdi de vista. Descemos juntos no terminal e caminhamos para o metrô. Com dúvidas sobre a estação em que deveria descer para tomar o próximo ônibus, resolvi perguntar a eles. Fomos, então, conversando. Mostrei-lhes meus desenhos, tentamos nos entender com meu parco inglês. Já no metrô, riam e brincavam, conversando comigo, jovens velhos amigos. Resolveram me ajudar descendo na estação que seria a minha, me acompanhando até o ponto de ônibus. Em outros momentos, tive a mesma sensação de amizade com perfeitos desconhecidos, ao ser tratado com cordialidade e confiança".
"Estive em Vancouver entre setembro e outubro do ano passado. Foi um outono quente para o padrão canadense. Fui ao Canadá reforçar meu aprendizado de inglês, num programa que incluía estadia em casa de família e quatro semanas de aulas. A experiência foi fantástica, apesar das dificuldades de adaptação, um desafio para os meus já bem usados 53 anos.
Extremamente friendly, amistosos, os moradores de Vancouver cultivam uma correção e uma educação invejáveis. Nos meus 29 dias por lá, não vi sequer um policial andando nas ruas – e não parecia necessário. Tampouco tive oportunidade de ver um fiscal do transporte público em ação. A passagem é comprada antecipadamente e cabe ao usuário autenticá-la ao entrar nos veículos.
Durante o período em que utilizei o seabus – uma barca que transporta passageiros entre North Vancouver, onde estava hospedado, e downtown, o centro da cidade, onde ficava a escola –, percebi que os 15 minutos de cada viagem seriam uma boa oportunidade para desenhar. Os passageiros, obrigados à quietude, tornam-se modelos perfeitos, quase sempre lendo, às vezes dormindo, em muitas ocasiões curiosos pelo meu trabalho. Assim, percebi que desenhar era um modo de interagir. Foi um recurso que me fez conhecido dos habitués da barca.
Cordialidade e confiança
Entre as boas experiências que tive com os vancouverites, há uma, simples, porém lembrada com especial emoção: decidi assistir a um dos filmes exibidos num festival de cinema. Investiguei no site do transporte público como chegar até lá e saí com as anotações no bolso. Precisava pegar um ônibus, depois o seabus, o metrô e ainda um outro ônibus. Já na primeira etapa, observei dois garotos, quase crianças, que entraram com seus skates e sua alegria. Achei graça em seu jeito leve, magro, enquanto os via balançando ao som de uma música que só eles ouviam. Embarcamos depois no seabus, onde os perdi de vista. Descemos juntos no terminal e caminhamos para o metrô. Com dúvidas sobre a estação em que deveria descer para tomar o próximo ônibus, resolvi perguntar a eles. Fomos, então, conversando. Mostrei-lhes meus desenhos, tentamos nos entender com meu parco inglês. Já no metrô, riam e brincavam, conversando comigo, jovens velhos amigos. Resolveram me ajudar descendo na estação que seria a minha, me acompanhando até o ponto de ônibus. Em outros momentos, tive a mesma sensação de amizade com perfeitos desconhecidos, ao ser tratado com cordialidade e confiança".
Saiba mais
- Cada barca pode acomodar até 400 passageiros. O tempo de travessia é de 12 minutos. Há duas estações: uma no Waterfront, no centro de Vancouver (conectada com a rede de ônibus, com o metrô e o trem), e outra em Lonsdale Quay, em North Vancouver.
- Vancouver tem a rede de transportes públicos mais extensa e completa do Canadá, formada por ônibus, metrô (que leva o nome de skytrain e conduz os passageiros entre o aeroporto e o centro), trem e seabus. Os tíquetes são divididos por cor e mudam de preço de acordo com as regiões urbanas. O site www.translink.ca dá mais informações – inclusive sobre como usar o sistema para passeios pela cidade
Publicado no Jornal de Santa Catarina
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